16.8.13

Tolerância

Celso de Almeida Jr.


Publicado no Blog Ubatuba Víbora 
Coluna do Celsinho 
16 de agosto de 2013 

O filósofo iluminista francês Voltaire, pseudônimo de François Marie Arouet, foi um consagrado defensor das liberdades individuais. 
Uma de suas obras, "Tratado sobre a Tolerância", escrita em 1763, representou um alerta contra a injustiça e continua merecendo uma profunda reflexão. 
O livro nasceu baseado na dramática execução, sob tortura, do comerciante protestante Jean Calas, em Toulose, em 1762. 
Calas foi injustamente acusado de assassinar o próprio filho, que queria se converter ao catolicismo. 
E, acabou condenado por juízes, que se curvaram ao fanatismo popular. 
Ao conhecer o caso, Voltaire escreveu sinalizando a importância do respeito aos credos e a liberdade religiosa. 
Cada capítulo é um primor e nos provoca com fatos históricos, questionando se faz sentido dizer que a intolerância era praticada na Grécia antiga, em outras localidades, por diversos povos, em variadas épocas, por diferentes religiões. 
Sobre isto, destaca testemunhos contra a intolerância religiosa, como este de São Justino:
"Nada é mais contrário a religião do que a violência". 
Ou este, de Amelot de La Houssaie:
"Com relação a religião se passa o mesmo que com o amor: uma ordem não tem qualquer efeito; a força, ainda menos; não existem coisas mais independentes que o amor e a crença". 
Voltaire, com seu estilo brilhante, ainda chama a atenção de juízes, explicitando os perigosos desdobramentos de decisões equivocadas. 
Assim, o impacto de seu "Tratado sobre a Tolerância" contribuiu para inocentar postumamente Jean Calas, em 1765. 
Mais uma vez, mostrou que a força do pensamento e a razão contribuem para a tolerância, a lucidez e a permanente busca da correção dos monumentais erros da humanidade. 

Tolerância
Ana Carolina