31.8.13

Cruzando

Celso de Almeida Jr.


Publicado no Blog Ubatuba Víbora 
Coluna do Celsinho 
30 de agosto de 2013

Eu gosto de palavras cruzadas. 
Deixam a mente em forma. 
Vez ou outra, espio no "Banco do rodapé" aquelas que escapam da lembrança. 
Sobre a memória - com as inovações da ficção científica tornando-se reais rapidamente - o que veremos em breve? 
Teremos um chip poderoso implantado em nosso cérebro? 
Conteria uma espécie de "Google da cachola" transformando-nos em enciclopédias ambulantes? 
Programinhas sofisticados nos deixarão eruditos; especialistas em todas as áreas? 
Nesta hora, como ficará a curiosidade? 
Esta questão faz recordar um dos pensamentos do gênio criativo do século XVII, Pascal: 
"A curiosidade não é senão a vaidade. O mais das vezes, a gente quer saber para poder falar." 
Chipados - todos sabendo tudo - seremos menos vaidosos? 
Existirão implantes para as diferentes faixas etárias? 
As escolas extremamente conteudistas ficarão obsoletas? 
Os concursos e vestibulares mudarão de formato? 
Brasileiros, atrevidos, certamente criaremos o chip recondicionado. 
Baratinho, funcionará meio período. 
Lançaremos, ainda, o chip ideológico. 
Estivesse disponível, o Itamaraty instalaria imediatamente em seus diplomatas, já bloqueado para resgate de senador boliviano... 
Chips, com o curso completo de medicina, disponibilizados em tendas na saída do Maracanã, em dia de Fla-Flu, cessariam a importação de tão escassos profissionais. 
Prezado leitor, querida leitora... 
O notável Sócrates dizia: 
"A vida sem reflexão não merece ser vivida." 
Tendo instantaneamente disponível o conhecimento universal, refletiremos com mais sabedoria? 
E a triagem do conteúdo? 
O que nos fará discernir sobre o melhor uso para tanta informação? 
Existirá no chip boa dose de ética? 
De respeito às diferenças? 
De religiosidade? 
E a inteligência emocional, será influenciada? 
O saber monumental poderá interferir em nossos talentos naturais? 
Neutralizá-los? 
Potencializá-los, para o bem ou para o mal? 
Pois é... 
Talvez, nosso cérebro não funcione totalmente a plena como tática de preservação da espécie. 
É como se a humanidade precisasse evoluir aos poucos, sem saltos, para assimilar melhor e compreender em definitivo a importância do bom uso do conhecimento. 
Com o que temos assistido, porém, é bom preparar a mente. 
Vem revolução pela frente! 

Eu nasci há dez mil anos atrás
Raul Seixas