7.7.13

Um semestre

Celso de Almeida Jr.


Publicado no Blog Ubatuba Víbora 
Coluna do Celsinho 
14 de junho de 2013

Amigos provocantes insistem para que eu opine sobre os quase seis meses do governo Maurício Moromizato. 
Tudo bem! 
Comentarei a questão. 
Antes, peço um intervalo comercial; pode ser? 
Ótimo. 
Vamos lá... 
Plim-plim! 
Desde 2008 faço parte da equipe do prof. Marcelo Pimentel. 
Ele é proprietário da MP - Marketing Político e Governamental, com sede em Taubaté, e dá consultoria a candidatos e governantes no Brasil e em outros países. 
Esta, acabou sendo a minha segunda atividade profissional, já que também integro o time do Colégio Dominique, que há 35 anos funciona em Ubatuba. 
Pois é...política e educação...combinação interessante e intensa, que permite uma abrangente visão do comportamento humano. 
Apesar destes últimos cinco anos atuando profissionalmente juntos, minha amizade com o Marcelo já dura três décadas.
Na política estudantil simpatizávamos com correntes opostas. 
Ele, mais a esquerda, chegou a estudar em Cuba. 
Eu...bem...tendia mais ao que se chamava direita. 
Anote aí: um pouquinho só, tá? 
Não me entusiasmava com o discurso dos vermelhinhos, cujo ideal não me seduzia, já que considerava o modelo distante do meu conceito de liberdade individual. 
Sobre isso, tivemos uma passagem engraçada. 
Em 1984 eu morava em São José dos Campos, onde estudava num cursinho pré-vestibular. 
Um belo dia, a dona da pensão me chamou para uma conversa. 
Estava muito séria. 
Mostrou-me uma correspondência que o carteiro acabara de lhe entregar. 
Um envelope timbrado, remetido pelo Partido Comunista do Brasil, endereçado à pensão, aos meus cuidados. 
Estávamos no final do regime militar e a dona Ilmênia, bastante idosa, não via com bons olhos a foice e o martelo. 
Enquanto eu ouvia o sermão, intimamente imaginava as gargalhadas do Marcelo Pimentel, autor da gozação.  
Hoje, quando observo a forma como lideranças de diversas origens ideológicas se aliam, creio que não posso ser rotulado de simpatizante da extrema direita só porque rejeitava o comunismo e já votei no Paulo Maluf. 
Sobre este, num comício que realizou em Ubatuba, em frente à Câmara, também na década de 80, lá estava eu batendo palmas, na turma do gargarejo. 
Enquanto isso, quem espreitava na esquina, de sunga, óculos escuros e uma faixa sob o braço, aguardando a companheirada? 
Ele mesmo; meu esquerdinha preferido! 
Vendo-se solitário, mas fiel à causa, já ia entrar em ação quando foi abordado por um policial que o encaminhou à delegacia para esclarecimentos. 
O motivo? 
A faixa dizia: "Cuidado com a carteira, moçada! Maluf no pedaço." 
A ocorrência ganhou os jornais da região que consideraram Pimentel o primeiro preso político da nova república. 
Tempos inesquecíveis... 
Hoje, maduros, experimentados, conhecedores das engrenagens que movimentam a política, focamos nossa energia em sistematizar para os clientes uma postura que se converta em ações focadas no que chamamos de Cultura do Rigor. 
Alicerçada em quatro colunas - ética, harmonia, gestão de alto desempenho e disciplina orçamentária - obedece rigorosamente a Lei de Responsabilidade Fiscal e os dispositivos pétreos da Constituição Federal. 
Dando o melhor exemplo, Marcelo Pimentel mergulhou nos estudos acadêmicos e hoje é doutorando em Portugal, onde conta com um escritório em parceria com uma tradicional empresa de pesquisas de opinião e censo de Lisboa. 
Generoso, compartilha conosco o seu conhecimento e permite-nos atuar no Brasil e no exterior, expandindo nossa rede de relacionamentos e visão de mundo. 
Pronto! 
Fim do comercial. 
Plim-plim! 
Volto ao quase primeiro semestre de Moromizato. 
Para avaliá-lo, lembro que sou um cidadão comum: barbeiro, fila da lotérica, bancos, café na padaria, giros com o carro, encontros casuais no calçadão e outras fontes geram a base de dados para captar a percepção dos ubatubenses. 
Não é, portanto, uma análise científica, mas merece atenção. 
Ouço basicamente dois comentários: 
1) Ainda é cedo para os resultados, pois os problemas herdados são enormes. 
2) Já deveria ter mostrado a que veio. 
O segundo tem se destacado de maio para cá, o que já indica uma insatisfação se instalando. 
Como conheço alguns auxiliares diretos do prefeito, posso afirmar, até onde sei, que há competência e boa fé em boa parte dos que integram o núcleo do poder. 
Então, por que a insatisfação aumenta? 
Talvez, um bom consultor possa orientar o prefeito, contribuindo para a correção do rumo. 
Indico um, excelente... 

Barra pesada
Dicró