24.2.13

Viajantes

Celso de Almeida Jr.


Publicado no Blog Ubatuba Víbora 
Coluna do Celsinho 
13 de janeiro de 2012

Inesperado, imprevisível.
Curioso encontro.
Numa viagem de rotina, no banco de trás, uma única vaga me esperava.
Contei com o apoio do passageiro do centro, para prender o cinto de segurança.
Apertados, ombro a ombro, levei alguns segundos para reconhecê-lo, afinal, eu ainda despertava para o novo dia, que se tornou especial.
Carro cheio, alguém puxou o assunto das tragédias que o mau tempo gerou em Minas Gerais e no Rio de Janeiro.
Eis o mote para eu consultar o meu vizinho sobre a impactante catástrofe de Caraguatatuba, no final da década de 1960.
Foi o fio da meada.
A conversa avançou para alguns “causos” de Ubatuba e sobre as experiências que tivemos em épocas distintas, no estado de Rondônia.
Sugeri, valendo-se das ferramentas da internet, que ele publicasse o extenso conhecimento que tem de Ubatuba e de suas vivências fora daqui.
Ele confessou que a ideia já o acompanha há algum tempo e que, em certa hora, iniciará um blog para isso. 
Revelou-me passagens ubatubenses que garantiram boas risadas, mas que considera prudente não publicar, evitando um tremendo mal estar.
Neste instante, pensei em tudo o que escrevi sobre ele, nos anos em que foi prefeito da cidade.
Textos duríssimos, contundentes, motivados por nosso traumático rompimento político, há 15 anos.
Forte turbulência que marcou nossas vidas.
Francamente, porém, não senti ao meu lado o ex-prefeito, mas o admirável professor de história que tanto me encantou no curso colegial da Escola Estadual Capitão Deolindo, há 30 anos.
Prova curiosa de que o tempo, que não altera as ações passadas, em nosso caso, ao que parece, diluiu as dores.
A viagem passou ligeira e, quando vi, desci na Praça Sta. Terezinha, em Taubaté, e dele me despedi com um sincero aperto de mão.
No caminho ao escritório, pensei num distante futuro, quando nem eu, nem ele, estaremos mais aqui. 
Nossas histórias e nossos conflitos serão coisas de um passado distante que, talvez, despertem a curiosidade de algum passageiro do amanhã.
Para ele, o registro de meu reencontro de paz com Euclides Luiz Vigneron, o Zizinho.

Nó na madeira
João Nogueira