16.12.12

Exclusão

Celso de Almeida Jr.



Publicado no Blog Ubatuba Víbora 
Coluna do Celsinho 
10 de dezembro de 2010

Finais de tarde. 
Patrícia, esposa querida, relatava o dia de professora da classe especial, na escola Tancredo. 
Ela, a Claudia e outros dedicados profissionais contribuíram para o avanço de alunos com deficiências diversas e complexas. 
Grande entusiasmo ao contar da tarde na Escola Zecão de Surf, na Itamambuca. 
Zecão e equipe dispensam comentários. 
A qualidade do trabalho que realizam merece os maiores aplausos. 
Pois é... 
Ouvi-la descrever a emoção daquele instante, quando muitos alunos tiveram o primeiro contato com o surf, comoveu. 
Mas, emoção maior vivenciei no último encontro da garotada, no auditório do Tancredo, na segunda-feira passada, que simbolizou o fechamento da classe especial. 
Patrícia, Claudia e equipe voltarão para as salas normais. 
Neste encontro emocionante, alunos, professores, pais, funcionários, direção, voluntários e convidados assistiram apresentações de dança e canto, além da exposição de trabalhos, depoimentos e, claro, fotos e filmagens daquele inesquecível dia de surf. 
Meu amigo... 
Ver um garoto com enorme dificuldade para andar e se expressar, de repente, viver aquele extraordinário contato com o mar e a atividade esportiva foi marcante. 
Especiais são os profissionais que se dedicam para homens e mulheres com tais necessidades. 
Pois bem... 
Como informei, devido ao Plano xyz, Lei ômega-beta, analisada pela comissão de notáveis e outros iluminados da nação, a sala de alunos especiais será extinta. 
Solução? 
Claro, aquela sugerida pelos gabinetes brazilienses, referendada por homens e mulheres de Alfa-Centauro: incluir estes alunos nas classes normais de nossas escolas. 
Francamente... 
Você acredita que um professor que lida com elevado número de alunos por sala, muitos de comportamento sofrível, poderá dedicar a atenção necessária aos jovens oriundos das classes especiais? 
Inclusão é a palavra de ordem... 
Palavras são palavras e, quando desconectadas da ação, nada mais são do que palavras.
Excluir destes seres humanos especiais a possibilidade de progredir em suas habilidades, adotando um discurso academicamente sedutor, é a prova maior de que a sociedade brasileira ainda tem um longo caminho para a conquista da cidadania. 
Ainda estamos na fase do quem pode menos, chora mais. 

Estrada do Sol
Agostinho dos Santos